Saúde da mulher em perspectiva integrada
Publicado em: 15/10/2025, 10:05

A saúde da mulher exige um olhar contínuo e integrado, que integre não apenas o tratamento das doenças já estabelecidas, mas, sobretudo, a prevenção e o diagnóstico precoce. Entre os maiores desafios de saúde pública estão o câncer de mama e o câncer de colo de útero, que, apesar de tratáveis e até preveníveis quando detectados cedo, ainda apresentam altas taxas de incidência e mortalidade no Brasil e no mundo.
Ao longo deste artigo, destacamos como a biologia molecular, a genômica e a patologia se complementam para oferecer um cuidado integrado, apoiando médicos e equipes multidisciplinares em escolhas mais seguras para as pacientes.
A importância da prevenção e do rastreamento
Câncer de mama
O câncer de mama é o tipo mais incidente em mulheres no Brasil, com cerca de 74 mil novos casos no último ano, segundo o INCA. Apesar dos avanços terapêuticos, a mortalidade ainda é alta, principalmente devido ao diagnóstico tardio.
A mamografia, associado a exames complementares, possibilita identificar lesões ainda em fases iniciais, quando as chances de cura ultrapassam 90%. No entanto, a oncologia atual avança ao associar análises distintas permitindo que o diagnóstico seja traduzido em decisões terapêuticas mais individualizadas.
Câncer de colo de útero
Mais de 95% dos casos de câncer de colo de útero estão relacionados à infecção persistente pelo HPV. Apesar de ser altamente prevenível por meio da vacinação e rastreamento regular, ainda é a quarta causa de morte por câncer em mulheres no Brasil.
Os testes de HPV, aliados à citologia, representam estratégias fundamentais para interromper a progressão da doença. Inovações como a autocoleta vêm ampliando a adesão ao rastreamento, especialmente em populações com barreiras de acesso ao sistema de saúde.
Avanços tecnológicos no diagnóstico: da patologia à genômica
Patologia: a base do diagnóstico
A análise anatomopatológica continua sendo o primeiro passo na confirmação diagnóstica. Exames como o BIOP (anatomopatológico de biópsias) estabelecem a malignidade da lesão e determinam características fundamentais do tumor.
No câncer de mama, o painel HISMA analisa receptores hormonais, HER2 e Ki-67, parâmetros que permitem classificar o câncer de mama em subtipos, além de avaliar o prognóstico da doença e auxiliar na escolha do tratamento.
Biologia molecular: precisão e prognóstico
No câncer de colo de útero, os testes moleculares para pesquisa do HPV têm papel estratégico. Eles detectam com alta sensibilidade a presença dos tipos oncogênicos de vírus, mesmo antes de alterações serem visíveis em exames citológicos. Essa antecipação permite identificar mulheres em risco de desenvolver lesões precursoras, favorecendo a intervenção precoce.
Genômica: personalização e tomada de decisão
A genômica representa a fronteira mais avançada da oncologia diagnóstica. O exame BRCSOM por exemplo, é um painel realizado no tecido tumoral que avalia mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, identificando a elegibilidade de pacientes para a terapia alvo direcionada com medicamentos inibidores de PARP.
Desafios de acesso em saúde da mulher
Apesar dos avanços, ainda há barreiras importantes no acesso a exames diagnósticos no Brasil: desigualdade regional, baixa cobertura de rastreamento e limitação de tecnologias em determinados contextos.
A incorporação de soluções inovadoras, como testes genômicos e autocoleta, precisa caminhar junto de políticas públicas, para que não sejam restritas a grandes centros urbanos, mas se tornem realidade em todo o país.
Uma linha de cuidado integrada: Patologia, Molecular e Genômica
Para enfrentar os desafios em câncer de mama e colo de útero, é essencial adotar uma linha de cuidado que una os três pilares fundamentais:
- Patologia: através da confirmação diagnóstica e caracterização histológica
- Biologia molecular e Genômica: permitindo a identificação de biomarcadores, definição prognóstica, e predição terapêutica.
Essa abordagem integrada não só aumenta a precisão diagnóstica, mas também sustenta decisões mais estratégicas, melhora a alocação de recursos e amplia as chances de sobrevida e qualidade de vida das pacientes.
O DB, com expertise nessas três áreas, oferece soluções integradas para apoiar profissionais da saúde em toda a jornada do cuidado.
Referências
INCA – Instituto Nacional de Câncer (Brasil). Estimativas de incidência de câncer no Brasil – 2023. Disponível em: https://www.inca.gov.br/estimativa.
WHO – World Health Organization. Cervical cancer. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/cervical-cancer
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